Mensagem para o Dia da Árvore
Dendrofobia é o nome que se dá a uma psicose provocada pela aversão às árvores, perturbação que talvez explique o prazer nocivo com que muitas pessoas se dedicam à tarefa danosa do desmatamento, sem considerar que essa fobia destruidora tem como alvo aquela que, entre outros benefícios distribuídos graciosamente, transforma o gás carbônico em oxigênio, e por isso exerce papel fundamental na preservação da vida no planeta.
Em uma praça central de Buenos Aires, Argentina, colocaram aos pés da árvore mais frondosa que lá existe uma placa de bronze com a mensagem de Domingos Faustino Farmiento, escritor e estadista portenho. Diz ela:
“Tu, que passas e levantas contra mim os teus braços, antes de fazer-me mal, olha-me bem. Sou o calor do teu lar nas longas e frias noites de inverno. Sou a sombra amiga que te protege contra os rigores do sol. Meus frutos saciam a tua fome e aplacam tua sede. Sou a viga que suporta o teto de tua casa, a tábua de que tua mesa é feita, e a cama em que dormes e descansas. Sou o cabo dos teus instrumentos de trabalho e a porta da tua casa. Quando nasces, embalam-te num berço feito de minha madeira, e quando morreres, teu ataúde o será também, e te acompanhará ao seio da terra. Se me amas como mereço, defende-me dos insensatos e faze-me respeitar, porque eu sou a ÁRVORE”.
Desde o século 19 que o Dia da Árvore é comemorado em 22 de abril, nos Estados Unidos, data de aniversário do governador J. Sterling Morton, que durante o período de sua administração incentivava os moradores do estado de Nebraska a plantar o maior número possível de árvores a fim de mudar a paisagem da região. Já no Brasil, país possuidor da mais rica e diversificada flora do mundo, essa comemoração é feita em dois dias diferentes: no Norte e Nordeste, a Festa Anual da Árvore acontece na última semana de março por determinação de um decreto-lei datado de 26 de fevereiro de 1965, inspirado no fato de ser aquele o período de chuvas na região. No restante do país, porém, a celebração ocorre em 21 de setembro, precedendo não só o início da primavera, mas acompanhando também os costumes dos indígenas brasileiros que sempre cultuaram as árvores à época da chegada das chuvas, ou quando a terra começava a ser preparada para a semeadura.
Normalmente essa data é lembrada por escolas, órgãos ambientais e outras instituições, que desenvolvem atividades de educação ambiental tais como plantio, distribuição de mudas, visitas a parques e hortos municipais, confecção de trabalhos escolares referentes a esse tema, além de outras atividades.
As árvores, além da função paisagística, protegem lavouras contra ventos, diminuem a poluição sonora nos grandes centros urbanos, servem de moradia a pássaros e outros animais, fornecem sombras e alimentos ao homem e à fauna, absorvem parte dos raios solares e da poluição atmosférica, e produzem mais oxigênio através da fotossíntese, processo pelo qual as plantas verdes e alguns outros organismos transformam energia luminosa em energia química. Nas plantas verdes, a fotossíntese aproveita a energia da luz solar para converter dióxido de carbono (o CO2), água e minerais em compostos orgânicos e oxigênio, o que é essencial para a manutenção de todas a formas de vida existentes na Terra.
Como produtoras desse gás, pode-se afirmar que elas, quando diretamente atingidas pelo sol, desprendem grande quantidade do mesmo (de um a três gramas por hora e por metro quadrado de superfície foliar). Além disso, absorvem pelas raízes uma porção notável de água, cerca de 100 litros por dia, no caso do plátano, da qual só um pequeno percentual é incorporado aos tecidos vivos, evaporando-se o resto. As árvores têm influência sobre a fauna, o clima que as envolve e o restante da flora; as próprias florestas fabricam literalmente seu solo a partir das camadas de folhas secas que se transformam em húmus.
A qualidade da sua existência tem a ver com os materiais que nos fornecem, como a madeira para as construções e mobiliário, celulose para o papel, carvão para as caldeiras, substâncias medicinais, além de óleos, resinas, gomas, essências, mel, frutos, flores, entre outros. De qualquer forma, mais importante do que saber a importância de uma árvore, é saber a importância de nos comprometermos, cada vez mais, com a manutenção de ao menos uma espécie, plantando e cuidando para que se desenvolva.
Fernando Kitzinger Dannemann