Ela estava muito cansada.
Todo dia era a mesma coisa…
Via-se puxada para dez direções diferentes: filhos, roupas para cuidar, compras no supermercado, prazos para cumprir, amigos pedindo conselhos, cartas necessitando respostas, o telefone que não parava de tocar…
Ele estava chateado.
A rotina se repetia…
O dia fora difícil na lida com pessoas cujas vidas estavam desmoronando…
Depois de uma hora preso no trânsito, ele encontrou os filhos querendo sua atenção,
uma lista de pacientes para quem precisava telefonar e uma série de contas para pagar.
Nas primeiras horas da noite, ambos se esforçaram para controlar os nervos.
De repente, alguma coisa insignificante desencadeou o descontrole…
As vozes de ambos se elevaram diante da intensidade da discussão.
Sem querer, eles estavam trocando palavras que não desejavam pronunciar…
Assuntos que nem eram relevantes foram relembrados.
Coisas passadas foram revividas.
Mágoas guardadas que ainda não tinham sido perdoadas…
Uma simples discussão se transformou num debate acalorado.
Quando estavam nesta triste situação, a porta do quarto foi entreaberta…
Silenciosamente, uma mãozinha se esgueirou pela fresta e colocou alguma coisa na porta.
A mãozinha sumiu e a porta foi fechada.
Curiosa, ela se levantou para investigar.
Preso na porta com fita adesiva havia um pequeno coração de papel pintado de vermelho, com os seguintes dizeres:
‘Eu amo a mamãe e o papai.’
Eram as palavras que o filho de 8 anos havia deixado.
Lágrimas molharam o rosto da jovem mãe.
Marido e esposa se entreolharam, arrependidos por terem permitido que as suas emoções extrapolassem e prejudicassem seu Lar.
De repente, nem lembravam mais sobre o que estavam discutindo, quando o pequeno colocou um coração de papel na porta do quarto.
Mas eles resolveram deixá-lo colado ali como um lembrete para os dias futuros…
Meire Michelin